quarta-feira, 21 de abril de 2010

Poemas da D. Silvina


A D. Silvina Nascimento tem 73 anos e está connosco no Serviço de Apoio Domiciliário.

Quando trabalhava no campo os versos e as anedotas eram uma constante!

Da sua memória sairam hoje todos estes poemas:

Já choveu,
Já correm os barquinhos
Já chegou o meu bem à terra
Já cantam os passarinhos.


Eu escrevi o teu nome
Num cepo meio seco ao pé do teu
O nome era tão doce
Que o cepo enverdeceu.


Eu trago o teu retrato
Na minha imaginação
Passo noites sem dormir
Sofrendo grande paixão.


Debaixo de água está lodo
Debaixo do lodo o chão
Debaixo de uma amizade
Se descobre uma paixão.


Tenho do meu peito
1 canivete dourado
Para cortar o pão-de-ló
No dia do teu noivado.


Oh menina ouvi dizer
Diz que sabe tão bem ler
Onde estava você metida
Antes do seu pai nascer?

Antes do meu pai nascer?
Eu vou-lhe dizer…
Era filha da mãe Eva
E neta do pai Adão!


Sete estrelas, sol e lua
Águas marinas do mar
Choram as pedras da rua
Se o meu amor me deixar.





Tenho sono, mas não durmo
Amor me quita o sono
Ando perdida no mundo
Como a fazenda sem dono.


Oh menina ouvi dizer
Diz que sabe tão bem ler
Há-de saber dizer
Quantos peixes há no mar.

Quantos peixes há no mar?
Eu vou-lhe explicar
Há metade e outros tantos
Fora os que estão para nascer!


Meu amor faz uma jura
Faz uma jura bem feita
Jura que me hás-de dar
Na igreja a mão direita.


Que lindos olhos tem a cobra
Quando olha de repente
Mais vale a pobreza alegre
Que a riqueza descontente.


Tu dizes que não me queres
Por eu não ter fazenda
Nem tão rico o teu pai é
Nem tu tão boa prenda!

Oh moça casa comigo
Que eu sou rico e afazendado
Tenho uma pereira à porta
E uma casa sem telhado!

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